- "O BOPE não sobe para morrer, sobe para matar!" -
Tropa de Elite (Tropa de Elite, 2007) * * * * ST'ART RECOMENDA
O vazamento de uma versão prévia do novo filme de José Padilha parece ter sido um grande lance de sorte. Pelo fato de ter batido qualquer outro recorde de vazamento (3 meses antes do lançamento), o filme caiu nos camelôs há algum tempo. É estimado que mais de 100 mil pessoas já tenham visto a versão pirata que está sendo vendida. Apesar disso tudo, o filme parece que vai quebrar recordes na bilheteria dos cinemas. Polêmicas com a PM e o tratamento que o BOPE dá às suas vítimas, traz a tona discussões e mais discussões sobre os direitos humanos. Para chamar mais a atenção do público, a equipe de produção vai colocar 5 minutos a mais no filme que irá estrear nos cinemas e mudará a edição do filme. Mas será mesmo que será preciso isso? Só no "boca a boca" o filme parece que vai se garantir; mas enfim, vamos ao que interessa...
O filme conta a história do capitão Nascimento (Wagner Moura) que combate o tráfico há anos pelo BOPE e está cansado desse serviço. Para se afastar do trabalho e poder ter uma vida normal com sua recentemente formada família, Nascimento decide recrutar um substituto. Em paralelo com essa história, segue a vida de Neto e Matias. Um representa os músculos da polícia e o outro o cérebro. Narrado por Nascimento o filme ainda mostra o ambiente numa faculdade carioca e o clima nos morros da Cidade Maravilhosa.
Com um roteiro bem escrito e uma trama competente, o filme chama atenção para a corrupção recorrente nas favelas do Rio de Janeiro. A PM faz parte do núcleo antagônico do filme. Sempre envolvida em atos de corrupção e aliada ao tráfico, o diretor imprime na tela uma imagem quase que abominável da polícia militar (não é surpreendente que a instituição tenha tentando proibir a exibição do filme). A forma precária que esses policiais são recompensados por subir no morro e arriscar a vida, é a única justificativa evidente ao longo do filme, para esses oficiais serem corruptos.
Apesar de todo o sucesso e fama que o filme adquiriu por causa da pirataria, a sua maior força reside protagonista. Wagner Moura consegue invocar perfeitamente um capitão perturbado, incorruptível e trabalhador. Sempre sendo o melhor no que faz, Nascimento é o retrato do BOPE no filme. Suas frases e gestos são o que dão identidade ao longa. Mesmo com um bom elenco de apoio, o filme se tranforma quando Wagner está na tela. É impossível sair do filme sem saber pelo menos uma frase de efeito que o capitão Nascimento fala durante a trama.
Certa vez li uma comparação que me pareceu muito feliz. Tropa de Elite é um "300" tupiniquim. Guardadas as devidas proporções, é claro. Ação, frases de efeito e muita presença na tela fazem o filme crescer e ensconder algumas falhas de roteiro. Ótimos protagonistas e direções seguras. Mas enfim, deixemos essa comparação de lado.
O que realmente importa é que temos em Tropa de Elite um bom exemplar do cinema brasileiro. Viril, chocante e com caráter de denúncia, José Padilha consegue realizar um grande trabalho. O filme em si não tem a força e o apelo da história de Cidade de Deus (muitos compararam, porém Cidade de Deus é melhor), mas cumpre muito bem seu papel. Graças ao elenco que rende mais que o esperando e tem em Wagner Moura, o principal trunfo.
Se você já assitiu pirateado ou não, vá ao cinema novamente, a sensação é inigualável. Àqueles que não assistiram, dia 12 de outubro estreará no Brasil inteiro, corram, valerá a pena.