quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Sangue Negro


- Um novo clássico? -





Sangue Negro (There Will Be Blood, 2007) * * * * ST'ART RECOMENDA




Quando vou assitir a um filme nos cinemas tento ao máximo não ler notícias ou opiniões relacionadas à qualidade do filme, porém existem alguns filmes que não tem como escapar. "Sangue Negro" é um deles. Desde o primeiro momento que comecei a ler a respeito desse filme, não li nada menos que "fantástico", "maravilhoso" ou "um novo clássico". A expectativa (minha expectativa) que envolvia a estréia desse filme era algo que eu não presenciava desde o lançamento da série "O Senhor dos Anéis". Quando eu saí da sala de projeção de "O Senhor dos Anéis 1, 2 e 3", me senti completamente satisfeito e convicto em dizer que tinha acabado de assitir um dos maiores clássicos já feitos no cinema; já quando acabou a exibição de "Sangue Negro" a sensação foi quase essa.

Adaptado diretamente do livro "Oil!" de Upton Sinclair, escrito em 1927, o filme conta a trajetória do primeiro magnata do petróleo americano, Daniel Plainview. Começando com uma introdução de quase quinze minutos sem qualquer fala, já pode notar um dos maiores trunfos do filme: a sua fortíssima trilha sonora, comandada por Jonny Greenwood. É de uma grandeza imensurável a potência e a magnitude que a trilha sonora proporciona a algumas cenas do longa; como por exemplo a queda de uma das torres de petróleo. Juntamente com a direção apurada de Paul Thomas Anderson, a combinação de planos longos e de uma fotografia belíssima, o conjunto técnico da obra se mostra impecável durante toda a projeção.

Ao lado da trilha sonora o maior destaque do filme fica com o astro Daniel Day Lewis. É difícil até mesmo reconhecer sua voz no início do filme. A obscuridade e a tensão que ele aplica a sua interpretação é digna de aplausos, e dos mais fervorosos. O filme é centrado exclusivamente nele. Das quase duas horas e meia do filme, 99% delas são preenchidas por Day Lewis na tela. A presença de Lewis é tão forte na tela que não existe espaço nenhum (ou até mesmo tempo) para qualquer outro ator se destacar em seu papel; a exceção seria Paul Dano que interpreta Eli Sunday, desafeto de Plainview.

Toda essa conjuntura tão bem estruturada é mérito da grande mente por trás disso, Paul Thomas Anderson. Apesar da condução do longa em alguns momentos ser lenta é evidente a mão do diretor nas cenas mais bem montadas e fotografadas do longa. A cena da queda da torre e toda primeira sequência "muda", mostra a marca do diretor; se compararmos a "Magnólia" e "Embriagados de Amor", é impressionante a semelhança da montagem das cenas.

Mesmo com todos esses pontos positivos presentes no filme, não consegui sair do cinema completamente satisfeito. Fiquei me perguntando durente dias o que teria sido tal sensação, mas não consegui decifrar. Tudo que tinha visto de bom no filme, continuo achando, mas não consegui achar aquele algo a mais que a maioria da crítica encontrou. Tive a mesma sensação ao ver "Eu Sou a Lenda"; "será mesmo que eu estou maluco ou esse filme é fraco?" eu pensava comigo mesmo. Acho que pela expectativa exacerbada em cima do filme, eu possa ter esperado demais, e isso ter prejudicado minha compreensão e aceitação ao filme. Realmente é um grande filme, mas não é para todo o estardalhaço que a imprensa está fazendo. A procura constante por novos clássicos é tão agoniante que vemos comparações como essas. Não me entendam mal, é um ótimo filme como já disse; perfeito tecnicamente, mas não tem aquele algo a mais, aquela magia que um "Poderoso Chefão" ou um "Cidadão Kane" possuem.

2 comentários:

Kamila disse...

Oi, Thiago.

A sua crítica é a primeira que eu leio que não chama "Sangue Negro" de obra-prima. Eu também não gosto de ler opiniões a respeito dos filmes que eu ainda não assisti, mas às vezes é impossível mesmo.

De qualquer maneira, ainda espero a estréia de "Sangue Negro" nos cinemas de minha cidade.

Parabéns pelo blog!

Bom final de semana!

Anônimo disse...

Eu adorei Sangue Negro, como disse para um amigo meu, achei impecável. Ao contrário de você, eu realmente não vi nenhum defeito no filme, mas conheço gente que precisou revê-lo para ter uma opinião mais concreta. Talvez se você fizer o mesmo, acabe gostando mais do filme.

Adorei o blog, vou linká-lo, ok?

Abraços